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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Espaço do Professor(a)


CRISTIANE CARMINATE P. 
GRIMALDE GADIOLI
Advogada, Pós Graduada em Direito Civil (Responsabilidade Civil), Professora, especialista em Leitura e Formação de Leitores, Pós Graduada em Língua Portuguesa e Produção Textual.






A PRAGA DOS CARROS DE SOM

Certa vez estive na Serra do Cipó. Lá, num longínquo vilarejo à beira de uma cachoeira, (onde mera semelhança é pura coincidência) havia um cartaz confeccionado à mão que dizia: PRODUZIR BARULHO É O MODO MAIS IMPUNE DE COMETER UM CRIME”.
Depois que li o tal cartaz fiquei pensando na dura situação das cidades pequenas, principalmente a da nossa, cuja liberdade individual e os gostos musicais se tornaram algo impingido bruscamente por pessoas que não possuem o menor senso de respeito ou urbanidade com o próximo. Pela falta de oportunidade de entretenimento de qualidade, alguns se rendem ao péssimo hábito de infligir seu gosto musical aos outros cidadãos, castigando-os a cada “pancadão”.
O som automotor virou uma praga infernal que deve ser combatida. Ninguém está obrigado a suportar o excesso de barulho e desrespeito causado pelos carros de som e ninguém pode usar a propriedade de modo nocivo. Ninguém é obrigado a escutar o que não quer, pois a liberdade de um termina a partir do momento em que a do outro começa.
Quer ouvir som alto? Compre um fone. Quer explodir os tímpanos e transformar a massa encefálica numa gosma inútil? Ouça os funks de letras execráveis, os pagodes de duplo sentido, os sertanejos repetitivos, mas ouça para si próprio ou sozinho. Não obrigue o outro a sofrer com as tentativas capiciosas de se obter uma melodia no ritmo voraz dos “tunt, tunt”. O silêncio é bom! É tão confortador assistir a um filminho nos dias de domingo, ou sair com os amigos para um bate papo e uma gelada, ouvir um sonzinho ambiente em que as pessoas possam conversar.
Por que certos indivíduos insistem em chegar com seus “possantes”, levantar o capô traseiro, mostrar como são poderosos os sons automotivos que têm e violar a privacidade alheia? Para quê isso tudo? É uma autoafirmação? É uma baita falta de educação, bom senso e limites. O ser humano não pode menosprezar o sossego alheio. Ele pertence a cada um. Cada um tem seus direitos.
Isso tudo além de que a POLUIÇÃO SONORA é considerada crime segundo o art. 54, da Lei 9.605/97 que versa que “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, (...)” É crime. É bossal! É desrespeitoso!
Será que estes cidadãos já pensaram que eles não agradam a todo mundo? Será que eles já imaginaram que esta disputa de quem “solta” o som mais alto é ridículo para algumas pessoas? Pode ser o ritimo que for, não é viável que se ouça fora dos limites estabelecidos pela lei e pelo convívio em sociedade. Será que o poluidor sabe que é obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade, conforme o art. 14,§1º, da Lei 6.938/81?
Será esta “pessoinha” sabe que Art. 228 do Código de Trânsito Brasileiro veda (proíbe) usar no veículo equipamento com som em volume ou freqüência que não sejam autorizados pelo CONTRAN. Isso constitui Infração grave cuja penalidade é multa, medida administrativa e em caso de reiteração a retenção do veículo para regularização. A multa não é baratinha não!!!
Outra dica para a comunidade que se sentir incomodada com o barulho dos lindos carrinhos de som ou de bares com som alto exorbitante é o fato de que é CONTRAVENÇÃO PENAL DE PERTURBAÇÃO AO SOSSEGO PÚBLICO, prevista por Lei, como dispõe o artigo 42 do Decreto-lei 3.688/41 que diz em seu Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheio:
I – com gritaria ou algazarra;
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
Pena – prisão simples, de 15 dias a 3 meses, ou multa.
Pune-se o dono do estabelecimento e o proprietário da maravilha sonora que é uma das piores invenções do universo!
Constatada a infração, o veículo pode ser apreendido e o infrator conduzido à delegacia para assinar o Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO), determinando que, em caso de reincidência, poderá ter todo o equipamento sonoro (aparelho, potência, amplificadores e até a bateria) apreendido, além de ser multado e responder a processo judicial.
Pois é. Moramos numa área linda, perfeita por natureza. Cheia de cachoeiras, rios, cascatas, árvores. Quantas pessoas não gostariam de viver num paraíso como este, de plena tranqüilidade, onde todos se conhecem e se respeitam? A sociedade precisa combater certos abusos como estes, haja vista que em quase todas as cidades da região, as cidades praianas e ambientes preservados há a proibição efetiva de carros de som. Com a ajuda do poder de polícia e a denúncia de quem se sente incomodado é que se poderá realmente “revitalizar” qualquer área desta magnífica cidade, na qual vivo, amo e quero proteger!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Espaço do Professor (a)



A LEITURA E OS JOVENS: FORMAÇÃO
     DE NOVOS LEITORES

Cristiane Carminate Grimalde Gadioli

O brasileiro não lê. É fato e agora mais ainda comprovado pela pesquisa efetuada. Quiçá o brasileiro lesse pelo menos uma bula de remédios. Como diria Roberto Pompeu de Toledo, grande esgrimista das palavras e ensaísta da Revista Veja: “Estou convencido não só de que a literatura muda o mundo, mas de que ela o criou.”
O atendimento precário das bibliotecas públicas, a falta de infraestrutura familiar coesa, recursos financeiros parcos são algumas das causas do comprometimento da educação no país. Todavia, cabe ressaltar que mesmo que este indivíduo tenha condições financeiras de adquirir um exemplar literário em uma livraria, ainda assim ele prefere gastar seu "rico dinheirinho" com adventos obsoletos a sua formação cultural. A cultura é o de menos. É o que não importa porque não "enche barriga". Os clichês são para reafirmar exatamente o pensamento da Vox populi. E de que adianta o governo criar a obrigatoriedade da biblioteca pública se o povo não faz uso dela? Se sequer sabe portar-se em uma? Se não há uma educação pública de qualidade porque não há interesse governamental em tê-la?
Assim, o livro pode virar fator de exclusão social porque a leitura tem que estimular a imaginação e a reflexão e se os indivíduos não têm acesso ou não querem ter acessibilidade a uma leiturização de qualidade, pode haver um quadro de pauperização preocupante.
Apesar de criar novos empregos e aumentar a interatividade entre as pessoas a tecnologia pode ser responsável pela dificuldade de expressão que muitos jovens enfrentam. Esse uso excessivo pode reduzir o vocabulário dos adolescentes, embora a bandeira levantada hoje seja a da objetividade a qualquer preço. Porém, talvez a redução vocabular em demasia seja fruto da falta da leitura, implemento importantíssimo na formação do cidadão.
O sistema de vida que o brasileiro leva não facilita inclusão da leitura como ponte de interação social. Os elementos de governança mais se preocupam é com as estatísticas de baixo analfabetismo no Brasil quando na verdade formam-se a cada dia, mais analfabetos funcionais. A ênfase na leitura, partindo de um julgamento bem severo, é nos simulacros de interação (Orkut, Twitter, MSN). A vida contemporânea se encontra precária no que tange ao tempo. A mente dos indivíduos anda tão ocupada com tantas coisas que o sujeito não tem nem energia para ler ou não quer exercitar a sua reflexão. É muito mais fácil ser um autômato do que um cidadão imaginativo e questionador.
Com relação aos meus alunos, percebi, nas turmas de Ensino Médio, que a literatura clássica não interessa a eles. Acham o livro chato, fora da realidade e com uma linguagem que não corresponde a sua vivência. Adoram Crepúsculo e etc.... Também acho que Stephanie foi uma grande pedida, uma vez que para quem não lia nada, eles, pelo menos estão mais interessados em livros, em séries e em sagas por causa deste livro. Ela conseguiu o que há muito ninguém conseguia: mobilizar uma geração. Depois de Harry Potter eu só vi esta febre. Acho interessante, eis que os valores éticos transpassados pelos livros (embora com elementos góticos) são muito importantes e retomam questões polêmicas: virgindade, diferenças sociais, amor acima de tudo, cavalheirismo, família. Há aqueles que sejam contra este tipo de literatura, mas a verdade é que ela está agradando aos adolescentes de uma forma suprema. Enquanto eles estiverem lendo e assimilando os tais valores mencionados, para mim já é uma conquista.
Um aluno meu, depois de ler o livro Crepúsculo, ofertou flores a sua namorada. Fez como Edward, o lindo vampiro adolescente de quase 100 anos fez com a mocinha Bella.
O rapaz, coitado, estava passeando com ela e arrancou flores do canteiro da igreja local a fim de concluir seu propósito. Eu havia lhe dito que toda mulher adora flores e que a menina deveria ser cortejada de forma cavalheiresca, com atos há muito tempo esquecidos pelos jovens (Por favor, Obrigada, Dê-me licença etc...). Então... o que fez a namorada? Riu dele. Pegou a flor e a jogou no chão. A que ponto chegamos?
E eu vou indo... enquanto respirar, sempre haverá um livro perto de mim!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Espaço do Professor (a)



“Sawa Bona. Sikhona”.
Eu te vejo. Estou aqui.

CRISTIANE CARMINATE P. GRIMALDE GADIOLI

Quase todo mundo já ouviu falar do filme AVATAR de James Cameron. O que muita gente não sabe ou não prestou atenção foi na simples expressão “Eu vejo você” pronunciada pelos personagens principais desta magnífica película. A preocupação da fala consiste num elemento linguístico muito importante para os N’avi (população habitante do planeta Pandora invadido pelos humanos maus). É o representante semântico do “eu me importo com você”.
Quantos de nós poderíamos a cada dia, durante a dura jornada, olhar para as pessoas a nossa volta e simplesmente mencionar “eu vejo você”. Isso se nós seguíssemos a filosofia de seres criados pela ficção, mas que tanto ratificam sua existência no mundo real. São aqueles aos quais ninguém dá importância, não há necessidade de sequer um “bom dia” porque não temos a obrigação de fazê-lo. A humanidade desumana tão fielmente representada pelo filme demonstra de forma dantesca que não consegue viver em consonância com a natureza, não sabe a arte do COM-VIVER, ou seja, viver com o outro, se importar com o outro e VER O OUTRO!
Seja na realidade virtual, na ficção ou na vida real há que valorizar a essência do homem e sua convivência pacífica dentro do ecossistema em que está inserido. Se isso não acontecer, todos, sem exceção, estamos fadados ao pior destino. A falta de amor ao próximo apontada nas mesmices da vida, nas peculiaridades dos gestos das pessoas, demonstra que, ao contrário dos N’avi, nós não vemos ninguém, simplesmente não nos importamos. É triste, mas é a pura realidade.
Certa vez eu, como ledora voraz que sou, li um conto chamado “Caridades Odiosas” da magnífica Clarice Linspector. Título nada sutil para a temática de compreensão textual. Nele, a autora encontra na rua um menino abandonado que lhe pede um doce. Ao mesmo tempo que quer satisfazer o desejo da pobre criança, ela fica envergonhada por ter realizado o ato tão publicamente. Sendo assim, se questiona acerca dos seus sentimentos totalmente contraditórios. O que seriam estas caridades a que somos obrigados a realizar que tornariam suas realizações odiosas? Por que temos vergonha de fazer o bem? Ou estamos tão acostumados a ignorar certas situações que quando elas acontecem, precisam ser ponderadas.
Também tomei conhecimento de que entre as tribos do norte da África do Sul, a saudação mais comum, equivalente ao nosso popular “olá”, é a expressão Sawa Bona. Literalmente significa, “Te vejo”. Se eu te vejo, você existe no plano da minha vida. Se eu não falo nada, é como se a morte no plano das idéias dilacerasse o coração.
Isso nos faz perceber que precisamos de ensinamentos curtos, simplórios, oriundos de filmes ou de tribos do outro lado do mundo para que possamos entender a importância de vivermos em harmonia com nosso habitat, assim como com nossas fraquezas, talvez em perfeita conexão com o meio ambiente. Compreender o outro, ser solidário não é difícil, todavia precisa de treino. Afinal uma pessoa é uma pessoa por causa de outra. É como se no “Eu Vejo Você”, nós fizéssemos o outro existir. Ninguém vive sozinho e nós precisamos nos dar conta disso.

Portanto, dentro deste espírito, Eu vejo vocês!

segunda-feira, 8 de março de 2010

HORA DO CONTO



UM LUGAR... PEDRA DOURADA...
Cristiane Carminate P.Grimalde Gadioli
Anoitecia. Seria uma daquelas infindáveis horas à beira da cama. Num deita e levanta mais mórbido do que qualquer feixe de luz na escuridão. Os pântanos sombrios iluminavam-se com as fagulhas breves dos vaga-lumes, mas ela não estava em paz. Algo dizia que aquela noite seria longa e traiçoeira, permeada de muita insônia e desatino causado pela ânsia de amanhecer.
Embora tudo a persuadisse do contrário, ela tentava disfarçar a solidão e o medo que sentia diante da tão nebulosa das almas. Fecham-se os olhos. O louco cruza a soleira de barbas desfeitas e boca voraz. Ele tentava buscar a saída, mesmo que suja, para sufocar seu desejo de consumir carne fresca. Ela estava sozinha num labirinto sem teto, vomitando a sombra do que um dia havia sido. Ela sentia saudades do vento, da cor e do brilho molhado do amanhecer. Sentia saudades dos pingos de chuva que caíam no rosto. Sentia saudades daquela lua, do asfalto iluminado.
Despertara da madorna. Todavia, só tinha a companhia da neblina traiçoeira, nebulosa e sorrateira que adentrava pelas janelas abertas. Não devia tê-las deixado escancaradas, pois assim tudo que a assustava se esgueirava para dentro dos aposentos desertos.
Chovia. Os trovões ecoavam na negrura da noite, carregada de lendas e mitos que povoavam as mentes dos habitantes daquela cidadezinha. Mais ainda, ela não dormia! Lembrara dos contos dos anciãos sobre as assombrações que lá viviam e que não tiveram paz depois de sua morte. Para piorar seu estado de espírito, a casa pobre era situada na curva do cemitério local. Podia ouvir os uivos dos cães desesperados, agoniados com os infortúnios infiéis, gritos incessantes dos gatos no cio e aquela típica claridade causada pelos relâmpagos.
Será que levantaria para fechar as janelas? Teria coragem para quebrar uma barreira de seu pavor? Seria estupendo trabalho de Hércules!
O vento batia nas frestas e solapava a madeira contra a parede tornando aquela noite mais longa do que já era. O rangido das dobradiças enferrujadas e o arrulho do bambuzal dos fundos a fizeram encolher embaixo da colcha de chenilhe carmim. Por fim, um sapo fugindo da chuva entrara nos seu quarto decidido a ficar.
Não havia ninguém que pudesse ajudá-la, a casa toda sombria, vazia e nefasta, mas ela tinha que fechar as escotilhas que a deixavam a deriva com o templo da dona lua.
Fechou finalmente! Podia agora dormir em paz, livre dos tormentos provocados pelos sons da noite.

Cochilou... Então surge de um nada ilusório, uma dama coberta por um manto simplório, trazendo temerosas chaves fatais. Estava vestida de negro e solidão, mas buscava delírios que já não são mais. Parada no sopé da colina, avistava os caminhoneiros bamboleantes, sonolentos e necessitados do descanso. Ela é jovem, filha do berço, seus traços confundem-se com o vinho. Os pobres motoristas vinham perdendo os sentidos no caminho. Ela os imobilizava com o olhar. Tão linda e tão serena, tal qual o hálito medonho da morte ela os sugava para dentro de seu corpo, desentranhava suas essências deixando-os despidos de sensatez. A lua enfeitiçava seus poros e aos poucos ia assumindo os foros de bruxa lânguida e traiçoeira.

O vento cortava-lhe os cabelos soltos e de pouco a pouco ia sumindo pela relva acima, numa nuvem de fumaça até desaparecer por completo da vista daqueles que já não mais estavam em paz.
Um barulho intenso a acordara do pesadelo. O som do tropel de um cavalo solitário ecoava na rua silenciosa. Ia cada vez mais se aproximando do parapeito da frágil janela de madeira.
A cadência das batidas estaladas no chão de pedra pararam finalmente na porta da casa. Só se ouvia agora o bufar inebriante do animal cansado e o hálito medonho adentrava pelo pequeno orifício que a separava do bem e do mal.
O relógio de gongo ressoava três horas da madrugada. Hora da zona morta! Hora em que todos aqueles que habitam mundos estranhos ficam livres e podem percorrer os caminhos entre as duas dimensões. Hora em que os sentimentos efêmeros desfraldam véus diáfanos e onde não se sabe o que é real ou o que é ilusão.
Cuidado! Pensava ela! O que seria isso? Quem é esse cavaleiro que invade a sua imensidão? Cavaleiro de armadura escura, passeando pelas trevas da noite impura e que portava uma espada nas mãos. Um calafrio percorreu a sua espinha. O vazio sentido antes aumentava e uma mescla de sensações provocava um rebuliço no âmago de seu ser. Uma ânsia de vômito subiu-lhe à boca, a saliva congelara e ela não mais respirava.
Da sua pele exalava um odor, o cheiro do medo que a presa solta quando está acuada pela besta fera. Não tinha saída. Ia sucumbir.
Numa fração de segundos um estrondo invadiu a casa. Os ventos e a chuva sopravam agonia para dentro daquele pesaroso lar. O cavaleiro adentrou ao recinto e o cavalo derrubara a porta. Os grossos pingos borboleteavam na tortuosa entrada molhando totalmente o chão e os batentes.
Ela finalmente o viu. Viu, mas não acreditou em sua própria visão. Sua razão fora danificada pelo pavor. Não podia acreditar no que estava diante de seus olhos. Abriu e fechou suas pálpebras, sua pupila dilatou e ela ficou totalmente petrificada: O cavaleiro não tinha rosto. A armadura descomunal erguia-se diante dela, os membros superiores agarrados ao cabresto do cavalo sôfrego, o chapéu negro não possuía cabeça para sustentar. Era a visão do inferno!
No mesmo instante, ele estendeu a mão coberta pela luva enegrecida como quem pede para ser tocado. E ela, num último ímpeto agarrou aquela mão sentindo uma energia que jamais havia sonhado em ter.
Do mesmo modo, o cavaleiro correspondeu ao ardor do sentimento e num lampejo virou-se para o horizonte, deixando apenas lágrimas acopladas a mais solidão. Ferozmente o cavalo cruzou a soleira da porta arrombada pela fúria do cavaleiro e perdeu-se no horizonte escuro.
Sem entender o que sentira, ela partiu atrás do homem de negro, molhando-se na chuva e nas águas do choro pesado que a envolvia. Uma mescla de sentimentos a arrebatavam. Uma dor antiga e profunda dilacerava seu coração, pois algo em espécie de deja vu havia acontecido.
O medo se foi. Porém a sua saída deu lugar ao vazio e a saudade que ela não entendia.
Dali em diante ela não mais sofreu nas noites escuras, nem mais temeu a hora da zona morta. Não havia mais insônia porque ela dormia em paz. Essa paz só era devassada, quando no cair da madrugada sombria, um vulto negro a cavalo cavalgava pelas ruas da cidade e, com seu tropel ao luar enfeitiçava aquela mulher que só desejava ir para não mais voltar.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Espaço do Professor (a)



Este espaço foi reservado para que os professores possam apresentar os trabalhos e atividades que são realizados dentro e fora da sala de aula, bem como artigos, crônicas, poesias que eles mesmos escrevem.

Venha visitar!!! 



Espaço do Professor (a)



"CAUSOS” DE PROFESSOR

Toda pessoa está apta a mudar, está apta a aprender e está consciente de que o "novo" é assustador, mas é necessário, ora para a evolução das espécies, ora para a convivência harmoniosa na sociedade. Não há como fugir de estar dentro do processo de mutação que uma era desenvolve. Não há como se rebelar com essa condição, eis que o ser humano é fruto do meio onde está inserido, sendo animal racional ou violentamente irracional como acontece todos os dias na porta da casa de cada um.
Tenho medo de que o professor passe a ser um elemento supérfluo no contexto da educação, eis que na escola pública, esta cada dia mais difícil de se trabalhar "disputando atenção" com as demais atividades corriqueiras na vida deste aluno: desde o uso indiscriminado de sites de bate-papo e de relacionamento, bem como as informações nada emblemáticas oriundas das novelas e programas sensacionalistas
O que fazer diante desta realidade massacrante e claustrofóbica que envolve o educador de hoje em dia? Educador este muitas vezes menosprezado, avaliado sem dó, ressequido com a insatisfação ou com a saudade do que nunca mais virá a ser novamente. Molestado e impugnado diante das mais singelas decisões, ceifado do convívio familiar em detrimento de mais de uma função que exerce ou até mesmo de um aluno que mal ouve aquilo que ele está a falar. Educador este que não se cansa de lutar em vão contra os desvarios de um mundo cada vez mais assoberbado de informações que o distanciam de seus pupilos.
Porém este mesmo educador é aquele que diante das adversidades cresce, produz e se torna uma máquina de ensinar, mesmo com o vento em seu desfavor, mesmo com tudo dizendo o contrário, ele permanece coberto de esperanças, embora diga e repita que não. Um professor de verdade, que carrega aquela resiliência típica nunca desiste. Mesmo que venham as mudanças, mesmo que dispute com o ritmo acelerado das informações adquiridas pelas mídias, ele estará lá à espreita de um futuro que sempre virá.
Cristiane Carminate P. Grimalde Gadioli