quinta-feira, 24 de março de 2011

Crônicas - Profª Carminate e Alunos (as) 3001 FG

A LEITURA E OS JOVENS: FORMAÇÃO
                 DE NOVOS LEITORES

Cristiane Carminate Grimalde Gadioli

O brasileiro não lê. É fato e agora mais ainda comprovado pela pesquisa efetuada. Quiçá o brasileiro lesse pelo menos uma bula de remédios. Como diria Roberto Pompeu de Toledo, grande esgrimista das palavras e ensaísta da Revista Veja: “Estou convencido não só de que a literatura muda o mundo, mas de que ela o criou.”
O atendimento precário das bibliotecas públicas, a falta de infraestrutura familiar coesa, recursos financeiros parcos são algumas das causas do comprometimento da educação no país. Todavia, cabe ressaltar que mesmo que este indivíduo tenha condições financeiras de adquirir um exemplar literário em uma livraria, ainda assim ele prefere gastar seu "rico dinheirinho" com adventos obsoletos a sua formação cultural. A cultura é o de menos. É o que não importa porque não "enche barriga". Os clichês são para reafirmar exatamente o pensamento da Vox populi. E de que adianta o governo criar a obrigatoriedade da biblioteca pública se o povo não faz uso dela? Se sequer sabe portar-se em uma? Se não há uma educação pública de qualidade porque não há interesse governamental em tê-la?
Assim, o livro pode virar fator de exclusão social porque a leitura tem que estimular a imaginação e a reflexão e se os indivíduos não têm acesso ou não querem ter acessibilidade a uma leiturização de qualidade, pode haver um quadro de pauperização preocupante.
Apesar de criar novos empregos e aumentar a interatividade entre as pessoas a tecnologia pode ser responsável pela dificuldade de expressão que muitos jovens enfrentam. Esse uso excessivo pode reduzir o vocabulário dos adolescentes, embora a bandeira levantada hoje seja a da objetividade a qualquer preço. Porém, talvez a redução vocabular em demasia seja fruto da falta da leitura, implemento importantíssimo na formação do cidadão.
O sistema de vida que o brasileiro leva não facilita inclusão da leitura como ponte de interação social. Os elementos de governança mais se preocupam é com as estatísticas de baixo analfabetismo no Brasil quando na verdade formam-se a cada dia, mais analfabetos funcionais. A ênfase na leitura, partindo de um julgamento bem severo, é nos simulacros de interação (Orkut, Twitter, MSN). A vida contemporânea se encontra precária no que tange ao tempo. A mente dos indivíduos anda tão ocupada com tantas coisas que o sujeito não tem nem energia para ler ou não quer exercitar a sua reflexão. É muito mais fácil ser um autômato do que um cidadão imaginativo e questionador.
Com relação aos meus alunos, percebi, nas turmas de Ensino Médio, que a literatura clássica não interessa a eles. Acham o livro chato, fora da realidade e com uma linguagem que não corresponde a sua vivência. Adoram Crepúsculo e etc.... Também acho que Stephanie foi uma grande pedida, uma vez que para quem não lia nada, eles, pelo menos estão mais interessados em livros, em séries e em sagas por causa deste livro. Ela conseguiu o que há muito ninguém conseguia: mobilizar uma geração. Depois de Harry Potter eu só vi esta febre. Acho interessante, eis que os valores éticos transpassados pelos livros (embora com elementos góticos) são muito importantes e retomam questões polêmicas: virgindade, diferenças sociais, amor acima de tudo, cavalheirismo, família. Há aqueles que sejam contra este tipo de literatura, mas a verdade é que ela está agradando aos adolescentes de uma forma suprema. Enquanto eles estiverem lendo e assimilando os tais valores mencionados, para mim já é uma conquista.
Um aluno meu, depois de ler o livro Crepúsculo, ofertou flores a sua namorada. Fez como Edward, o lindo vampiro adolescente de quase 100 anos fez com a mocinha Bella.
O rapaz, coitado, estava passeando com ela e arrancou flores do canteiro da igreja local a fim de concluir seu propósito. Eu havia lhe dito que toda mulher adora flores e que a menina deveria ser cortejada de forma cavalheiresca, com atos há muito tempo esquecidos pelos jovens (Por favor, Obrigada, Dê-me licença etc...). Então... o que fez a namorada? Riu dele. Pegou a flor e a jogou no chão. A que ponto chegamos?
E eu vou indo... enquanto respirar, sempre haverá um livro perto de mim!

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