terça-feira, 6 de novembro de 2012

Concurso de tecnologias sociais leva vencedores ao Fórum Mundial Social na Tunísia



Por Ana Paula Verly

Promovido pela revista Fórum e a Fundação Banco do Brasil, o 3º Concurso Aprender e Ensinar – Tecnologias Sociais prorrogou as inscrições até 26 de novembro. O objetivo do concurso, na terceira edição, é reconhecer, apoiar e disseminar o uso de tecnologias sociais na educação em todo o Brasil. Podem participar professores da Educação Básica e de escolas técnicas da rede pública, institutos federais e espaços não formais de educação. Com o prazo maior, a expectativa é que mais pessoas se inscrevam, ajudando a divulgar novas ideias na rede de educadores Aprender e Ensinar.

“O concurso busca reconhecer as iniciativas de professores que estão levando o debate das tecnologias sociais para dentro das escolas, com o envolvimento da comunidade. Nesta edição, a expectativa é atingir um número ainda maior, o que mostra que iniciativas que dialogam com o conceito de tecnologia social estão se disseminando pelo país”, comemora o gerente de Educação e Tecnologia Inclusiva da Fundação Banco do Brasil, Claiton Mello.

Todos os professores que se inscreverem ganham uma assinatura da revista Fórum até abril de 2013, um livro sobre o tema e passam a integrar a rede de educadores Aprender e Ensinar. Os 64 finalistas irão a Brasília para participar de um seminário sobre tecnologia social na educação, com todas as despesas pagas pelo concurso, e ainda receberão um tablet e um troféu. No seminário, serão divulgados os seis vencedores, que irão viajar para o Fórum Social Mundial na Tunísia, de 23 a 28 de março de 2013.

Com 2.640 inscritos, o 1º Concurso Aprender e Ensinar foi realizado em 2008, quando os vencedores foram ao Fórum Social Mundial de Belém (PA). Na segunda edição, em 2010, foram 3.075 inscritos, e os cinco educadores premiados viajaram a Dacar, no Senegal, em 2011. A participação no Fórum Social Mundial é um momento de troca de experiências com pessoas de diferentes países e continentes. Idealizadas e desenvolvidas pela comunidade, as tecnologias sociais são soluções simples, que podem ser reaplicadas em qualquer lugar, para resolver problemas da escola e seu entorno e assim promover o desenvolvimento local.

Um exemplo de sucesso é o da professora Marilúcia Ferreira da Silva, da rede municipal do Rio de Janeiro, vencedora do concurso em 2010 com a tecnologia social Banco Verde/Bazar Verde. A experiência partiu da percepção de que os cestos de lixo para material reciclável estavam sempre vazios.

Depois de algumas reflexões sobre o meio ambiente e as toneladas de lixo geradas diariamente, surgiu a ideia de transformar a antiga cantina da Escola Municipal Fernando de Azevedo, em Santa Cruz, que estava desativada, em um banco onde os alunos pudessem trocar materiais recicláveis por uma moeda verde.

“Além de sensibilizar estudantes, professores e comunidade sobre a importância da reciclagem para o ambiente, essa tecnologia social ainda trabalha com conceitos de geração de trabalho e renda por meio da criação de uma moeda solidária e da recuperação dos resíduos para matéria-prima de novos produtos”, comenta Mello.

Após o prêmio, o banco foi contemplado com uma reforma. Marilúcia participa novamente do concurso este ano com o projeto Ecodesign, que já possui um blog e uma página no facebook. Entre as iniciativas premiadas nas edições anteriores estão ainda a construção de um forno solar; um programa de inclusão de crianças surdas por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras); e uma horta de ervas medicinais feita com as receitas antigas resgatadas por moradores. A chamada Farmácia Viva, da Escola de Ensino Fundamental Benjamin Felisberto da Silva, de Arapiraca (AL), produz cerca de 20 remédios fitoterápicos, como xaropes e pomadas, garantindo uma melhora significativa na saúde da comunidade, segundo Mello.

“São experiências muito positivas, que têm mudado a ideia de que a tecnologia é algo distante das pessoas e que não pode ser apropriado pela comunidade. Os educadores se reconhecem como produtores e disseminadores de tecnologias sociais. Diferentemente das tecnologias convencionais, as TS não visam ao lucro, são livres de patentes e buscam justamente a transformação social”, conclui o gerente de Educação e Tecnologia Inclusiva.

Mello acrescenta que muitos governos já estão inserindo as tecnologias sociais como políticas públicas. Outra questão que o concurso busca fomentar, a fim de acelerar a evolução do tema, é a integração das TS aos currículos das escolas e institutos. Mais informações sobre as inscrições no concurso estão disponíveis em www.aprenderensinarts.com.br


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