quinta-feira, 15 de julho de 2010

Espaço do Professor (a)




  CRISTIANE CARMINATE P. GRIMALDE GADIOLI

      A LEITURA É UM DESAFIO DO POSSÍVEL

Esta semana estava lendo um livro estupendo que versava sobre os inúmeros movimentos culturais da juventude brasileira. Aliás, os livros para mim são todos estupendos. Ler é necessidade. Nele eram amplamente retratadas as influências musicais, de literatura e difusão de certos aspectos políticos no decorrer do tempo, numa evolução catedrática de participação intensa dos adolescentes e jovens brasileiros.

Há muito eu já tinha me dado conta do quanto a leitura é importante para o desenvolvimento da cultura, para o enriquecimento pessoal do indivíduo, para a formação do cidadão. Após adquirir a cultura fornecida, o ser humano projeta no futuro essas ações, transmitindo suas experiências às gerações futuras. Isso nossos antepassados fizeram muito bem e com louvor, como se pode comprovar através de movimentos como o da Bossa Nova (ícone da música nacional, que veio substituir o não menos interessante “samba-canção), da politização da juventude, que perdeu sua inocência nas décadas de ferro da ditadura. Geração esta que mesmo sob os grilhões de seus algozes, ainda conseguiu a duras penas, fazer o país fervilhar com sua cultura engajada.

E aí eu pensei: minha geração era na época deles, a geração do futuro. A galera que mudaria o mundo, depois que ele estivesse em paz. Que responsabilidade!!!

Depois eu fui ficando mais cética e visualizei o mundo de hoje. A cultura triturada, uma erotização prosaica de tudo, a banalização da mulher que tanto desejou sua independência, a sublimação da “bunda”, a desvalorização do livro em detrimento do computador. Será que isso é fruto da mega “power” gama de informação que o indivíduo recebe? Ele acredita que a única maneira de se manter informado é via Internet? Porém, a leitura tem um poder muito maior do que apenas informar. Ela é mais que isso: é formadora de valores imanentes quando estes já estão esquecidos, é fonte inesgotável de prazer e entretenimento, tem força para que faça com que o indivíduo deixe de ser subserviente, pois estimula a mente a pensar de outra maneira a fim de que o mundo seja definitivamente mudado, é um universo inexorável de comunicação em seus mais variados domínios. Ou seja, ler sempre vai fazer bem e os adolescentes precisam entender esta realidade. Ler deixa o homem sabiamente perigoso, apto às mais ferozes batalhas.

Reside aí a diferença entre o bom leitor e o sujeito apenas “ledor”. O ledor é aquele que adquire a informação, mas não a assimila, sendo por vezes confundido com um leitor voraz. São aqueles indivíduos que tentam a todo custo incorporar a modernidade e a velocidade das informações veiculadas nos meios de comunicação, mas não conseguem. O leitor identifica a informação, degusta o que leu com prazer, ingere seu conteúdo para sempre, não como algo obsoleto que irá se esvair daí a momentos. O leitor, no alto teor da palavra, não permite que o aprendizado seja instantâneo e bebe a essência das palavras na sua magnitude. O homem que lê nunca é servo, só da sua própria mente, e se ele quiser!

Mas, como nos diz Nicholas Carr, “à medida que todas estas maravilhas se incorporam ao cotidiano e as gerações passadas que vivenciaram outras realidades se vão, suas lembranças, bases, parâmetros, recursos, relações e padrões vão sendo não apenas abandonados... caem no esquecimento... E se antes seu destino era “mofar” nas páginas de livros de história... hoje estão em algum canto da rede mundial de computadores... Abandonados à própria sorte... prestes a serem “deletados” como arquivos mortos, sem utilidade, desprovidos de valor...”

O que é muito triste, pois até o popular Bill Gates afirmou “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história.

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