Por Ana Paula Verly
Promovido pela revista Fórum e a Fundação Banco do Brasil, o 3º Concurso
Aprender e Ensinar – Tecnologias Sociais prorrogou as inscrições até 26
de novembro. O objetivo do concurso, na terceira edição, é reconhecer,
apoiar e disseminar o uso de tecnologias sociais na educação em todo o
Brasil. Podem participar professores da Educação Básica e de escolas
técnicas da rede pública, institutos federais e espaços não formais de
educação. Com o prazo maior, a expectativa é que mais pessoas se
inscrevam, ajudando a divulgar novas ideias na rede de educadores
Aprender e Ensinar.
“O concurso busca reconhecer as iniciativas de professores que estão
levando o debate das tecnologias sociais para dentro das escolas, com o
envolvimento da comunidade. Nesta edição, a expectativa é atingir um
número ainda maior, o que mostra que iniciativas que dialogam com o
conceito de tecnologia social estão se disseminando pelo país”, comemora
o gerente de Educação e Tecnologia Inclusiva da Fundação Banco do
Brasil, Claiton Mello.
Todos os professores que se inscreverem ganham uma assinatura da revista
Fórum até abril de 2013, um livro sobre o tema e passam a integrar a
rede de educadores Aprender e Ensinar. Os 64 finalistas irão a Brasília
para participar de um seminário sobre tecnologia social na educação, com
todas as despesas pagas pelo concurso, e ainda receberão um tablet e um
troféu. No seminário, serão divulgados os seis vencedores, que irão
viajar para o Fórum Social Mundial na Tunísia, de 23 a 28 de março de
2013.
Com 2.640 inscritos, o 1º Concurso Aprender e Ensinar foi realizado em
2008, quando os vencedores foram ao Fórum Social Mundial de Belém (PA).
Na segunda edição, em 2010, foram 3.075 inscritos, e os cinco educadores
premiados viajaram a Dacar, no Senegal, em 2011. A participação no
Fórum Social Mundial é um momento de troca de experiências com pessoas
de diferentes países e continentes. Idealizadas e desenvolvidas pela
comunidade, as tecnologias sociais são soluções simples, que podem ser
reaplicadas em qualquer lugar, para resolver problemas da escola e seu
entorno e assim promover o desenvolvimento local.
Um exemplo de sucesso é o da professora Marilúcia Ferreira da Silva, da
rede municipal do Rio de Janeiro, vencedora do concurso em 2010 com a
tecnologia social Banco Verde/Bazar Verde. A experiência partiu da
percepção de que os cestos de lixo para material reciclável estavam
sempre vazios.
Depois de algumas reflexões sobre o meio ambiente e as toneladas de lixo
geradas diariamente, surgiu a ideia de transformar a antiga cantina da
Escola Municipal Fernando de Azevedo, em Santa Cruz, que estava
desativada, em um banco onde os alunos pudessem trocar materiais
recicláveis por uma moeda verde.
“Além de sensibilizar estudantes, professores e comunidade sobre a
importância da reciclagem para o ambiente, essa tecnologia social ainda
trabalha com conceitos de geração de trabalho e renda por meio da
criação de uma moeda solidária e da recuperação dos resíduos para
matéria-prima de novos produtos”, comenta Mello.
Após o prêmio, o banco foi contemplado com uma reforma. Marilúcia
participa novamente do concurso este ano com o projeto Ecodesign, que já
possui um blog e uma página no facebook. Entre as iniciativas premiadas
nas edições anteriores estão ainda a construção de um forno solar; um
programa de inclusão de crianças surdas por meio da Língua Brasileira de
Sinais (Libras); e uma horta de ervas medicinais feita com as receitas
antigas resgatadas por moradores. A chamada Farmácia Viva, da Escola de
Ensino Fundamental Benjamin Felisberto da Silva, de Arapiraca (AL),
produz cerca de 20 remédios fitoterápicos, como xaropes e pomadas,
garantindo uma melhora significativa na saúde da comunidade, segundo
Mello.
“São experiências muito positivas, que têm mudado a ideia de que a
tecnologia é algo distante das pessoas e que não pode ser apropriado
pela comunidade. Os educadores se reconhecem como produtores e
disseminadores de tecnologias sociais. Diferentemente das tecnologias
convencionais, as TS não visam ao lucro, são livres de patentes e buscam
justamente a transformação social”, conclui o gerente de Educação e
Tecnologia Inclusiva.
Mello acrescenta que muitos governos já estão inserindo as tecnologias
sociais como políticas públicas. Outra questão que o concurso busca
fomentar, a fim de acelerar a evolução do tema, é a integração das TS
aos currículos das escolas e institutos. Mais informações sobre as
inscrições no concurso estão disponíveis em
www.aprenderensinarts.com.br
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