11 de setembro: dez anos dos atentados que mudaram a história
Por Ana Paula Verly
Aconteceu há 10 anos, mas muitos ainda lembram como se fosse ontem do dia em que dois aviões derrubaram as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Considerada o maior atentado terrorista da história, a série de ataques ainda atingiu o prédio do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e derrubou uma quarta aeronave, a caminho de Washington D.C, depois de os passageiros lutarem com os terroristas. Não houve sobreviventes em nenhum dos voos e estima-se que cerca de três mil pessoas morreram.
Atribuídos ao líder da rede terrorista al-Qaeda, o milionário saudita Osama bin Laden, os ataques consolidaram uma nova fase do terrorismo e, com ela, uma nova etapa da sociedade moderna. O “11 de setembro”, como o episódio ficou conhecido, chocou a opinião pública, mudou a configuração mundial e moveu os Estados Unidos em direção a políticas belicistas intervencionistas, questionadas por grupos de Direitos Humanos. A primeira reação norte-americana seria o ataque ao Afeganistão – cujo governo, chefiado pelo movimento fundamentalista Talibã, era aliado e protegia a Al-Qaeda. No mesmo dia dos atentados, o comandante da Aliança do Norte, coalizão pró-ocidental no país, tinha sido morto por talibãs.
O neoterrorismo teve início em 1993, com o primeiro atentado da Al-Qaeda contra o World Trade Center. Um caminhão-bomba foi detonado no estacionamento subterrâneo da Torre Norte, matando sete e ferindo outras 1.042 pessoas. A motivação desse tipo de ação é a resistência à presença estrangeira em áreas do Oriente Médio e da Ásia – um problema que remonta ao primeiro caldeirão civilizatório, há mais de dois mil anos, na mesma região onde atualmente acontece uma guerra entre insurgentes e forças ocidentais.
Entre 1994 e 1997, seis terroristas foram condenados pelo ataque. O financiamento dos crimes foi feito por Khalid Sheikh Mohammed, membro da Al-Qaeda e ex-mujahed fundamentalista no Afeganistão, contra as tropas da União Soviética. Ele seria preso no Paquistão em 2003 e levado para a prisão de Guantánamo. A rede de Bin Laden também já tinha cometido ataques como os atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos em Nairóbi (Quênia) e Dar-es-Salaam (Tanzânia), em 1998, e o atentado ao destróier USS Cole, no Mar da Arábia, em 2000. Ao todo, morreram 240 pessoas nesses ataques. O atentado ao navio foi planejado por Khalid al-Mihdhar, um dos sequestradores dos aviões no “11 de Setembro”.
Islã x Ocidente
O fundamentalismo islâmico da Al-Qaeda, inspirado pelo wahabismo da Arábia Saudita e pelo qutbismo do Egito, prega a criação de um grande califado que englobe o mundo muçulmano desde o Magrebe (Noroeste da África) até o Paquistão. O movimento teve origem nos anos 1980, quando a União Soviética invadiu o Afeganistão, então sob regime socialista, e brigadas internacionais de combatentes voluntários muçulmanos foram formadas para expulsar os comunistas, vistos como “ateus infiéis”, do país de maioria islâmica. Com a retirada soviética, em 1989, esses combatentes formaram guerrilhas e grupos terroristas e se voltaram contra os Estados Unidos, que antes os apoiaram. Em 1996, o movimento Talibã (“estudantes”, em árabe), também fundamentalista, chegou ao poder no Afeganistão e garantiu a segurança dos militantes da Al-Qaeda. Osama bin Laden se mudou para o país e planejou ataques contra militares norte-americanos na Arábia Saudita, onde os estados Unidos mantêm bases desde a Guerra do Golfo.
Em retaliação aos atentados em Nova York e Washington, uma coalizão liderada pelos Estados Unidos e a Inglaterra atacaram o Afeganistão em outubro para derrubar o regime Talibã, aliado da Al-Qaeda, e capturar Osama bin Laden. A campanha aérea, com bombardeios de alta precisão e voos não tripulados, foi seguida por uma ofensiva terrestre com centenas de milhares de soldados. Seguindo a ordem do governo de George W. Bush, que assumira a presidência oito meses antes, as tropas americanas e seus aliados invadiram o território afegão. A ocupação dura até hoje e já deixou quase 100 mil mortos, entre civis e combatentes.
Quase dez anos depois do “11 de setembro”, Osama bin Laden foi capturado e executado no Paquistão por uma tropa de elite norte-americana. O terrorista estava escondido em uma casa fortificada na cidade de Abbottabad, sede de uma base militar paquistanesa. Bin Laden estava desarmado e seu corpo foi jogado no mar. Realizada sem autorização de Islamabad, a operação estremeceu as relações dos Estados Unidos com seu principal aliado na região.
Outras reações dos Estados Unidos ao “11 de Setembro” não tardaram e tiveram o apoio das principais potências. Por decisão do presidente George W. Bush, o país invadiu o Iraque em 2003 com o apoio de uma coalizão formada pelo Reino Unido e muitas outras nações. O pretexto da ocupação foi localizar armas de destruição em massa que, supostamente, o governo iraquiano teria em estoque e que, segundo Bush, representavam um risco ao seu país, abalado pelos atentados. Os reflexos da resposta norte-americana ao episódio trágico podem ser vistos até hoje. O aumento da segurança na entrada de estrangeiros é uma consequência presente em países do mundo todo.
Segurança reforçada nos aeroportos
O uso de aviões civis com passageiros como arma para derrubar prédios e matar milhares de pessoas mudou a rotina de quem estava acostumado a voar, como passageiro ou tripulante. Antes dos ataques terroristas, era proibido apenas o embarque de armas de fogo, armas brancas, alarmes e produtos inflamáveis. Depois dos atentados, objetos até então considerados inofensivos, como lixas de unha metálicas e recipientes contendo mais de 100 ml, passaram a ser barrados em voos internacionais. O acesso à cabine dos pilotos ficou restrito a tripulantes e até as máscaras de oxigênio foram retiradas dos banheiros para prevenir a confecção de explosivos dentro da aeronave.
A principal mudança no Brasil foi a proibição, em 2007, do transporte de líquidos – incluindo gel, pasta, creme e aerosol – em recipientes com mais de 100 ml nas bolsas de mão. A medida foi uma resposta a um plano desarticulado pelas autoridades britânicas em agosto de 2006. O objetivo dos terroristas era destruir aviões em pleno voo com explosivos líquidos que estavam escondidos em bagagens de mão. Desde 2005, por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as bagagens despachadas em voos internacionais também passam por aparelhos de raio X e, em casos de material suspeito, por detectores de explosivos.
Programação especial marca os 10 anos do 11 de Setembro
A Rede Globo foi a primeira TV brasileira a mostrar um flash do atentado terrorista. Às 9h52 –sete minutos depois do choque do primeiro avião – a emissora levou ao ar as primeiras imagens de TVs norte-americanas. A princípio, como todos achavam que se tratava de um acidente, o primeiro plantão informou, apenas, que um avião se chocara contra uma das torres do WTC. Às 10h02, começou a transmissão ao vivo, que se estendeu até as 14h.
Às 10h03, quando o jornalista Carlos Nascimento entrevistava por telefone Simone Duarte, então chefe do escritório da TV Globo em Nova York, o segundo avião atingiu a Torre Sul do WTC. As imagens foram transmitidas ao vivo, e chegaram a confundir o apresentador. Em pouco tempo, seriam confirmadas as suspeitas de um atentado terrorista orquestrado, e começavam a chegar as primeiras imagens do prédio do Pentágono envolto em fumaça. Em seguida, veio a notícia de que um terceiro avião sequestrado fora derrubado na Pensilvânia.
Quem não viu ou não se lembra das imagens que acordaram os brasileiros na manhã de 11 de setembro de 2001 terá a oportunidade de revê-las na programação especial que várias emissoras exibem para marcar a data. Confira uma seleção dos programas:
- No dia 11 de setembro, a partir das 21h, o canal NatGeo vai exibir a série “11 de Setembro: 10 anos depois”, que trará detalhes de tudo o que aconteceu antes, durante e depois da maior tragédia do século 21. O programa, com horário alternativo às segundas, às 21h, é dividido em três partes: Profecias: Prelúdios da Civilização Maia (às 21h); Segundos Fatais: 11 de Setembro (22h); 11 de Setembro: A Guerra Continua (23h). No domingo, a partir das 17h, também acontece a maratona dos programas anteriores sobre a data, entre eles: A Morte de Osama Bin Laden; George W. Bush: A Entrevista sobre o 11 de Setembro; A Verdade Sobre o Paquistão; Meu 11 de Setembro: Histórias Pessoais; O Plano da Bomba Líquida; Profecias: Catástrofes Anunciadas; 11 de Setembro e o Sonho Americano.
- O GNT exibe uma programação dedicada ao tema. A faixa “GNT.doc” do dia 11 apresenta o inédito “11/09 – Em solo americano”. Baseado no relatório da comissão criada especialmente para investigar o caso, o documentário revela as forças e as fraquezas da segurança americana e conta detalhes até então não divulgados sobre os atentados. No dia 9 é a vez de contar a história de Tania Head, a mulher que inventou ter sobrevivido ao ataque às Torres Gêmeas, mas que sequer estava na cidade no momento da tragédia. No dia 10 será exibido o documentário “The Falling Man”, que mostra a história real do homem que pulou da janela do World Trade Center, minutos após a colisão do primeiro avião. O filme tenta identificar o homem – tarefa difícil, pois pelo menos 200 pessoas caíram ou pularam do prédio no dia do ataque – e mostrar como a mídia lidou com a situação e como a sociedade reagiu às imagens dos suicidas.
- No dia 11 de setembro, das 9h às 2h, a CNN USA e a CNN Internacional apresentarão um super especial, diretamente de Nova York e Washington D.C., com imagens sobre a data e matérias atualizadas. Na CNN em Espanhol, os programas "Nuestro Mundo", "Directo USA", "Mirador Mundial" e "Panorama Mundial" também serão ancorados diretamente dos Estados Unidos, nos locais dos ataques.
- “Nova York: O Renascer da Esperança”, série produzida por Steven Spielberg, é o destaque do especial “11 de setembro: o recomeço” exibido no Discovery Channel, até 11 de setembro, sempre às 21h. O programa mostra os desafios e as histórias das pessoas que trabalham na reconstrução do Marco Zero. No mesmo canal, o especial “11/9: Dez anos depois” mostra os vínculos afetivos criados após a tragédia, e resgata os eventos do atentado ao World Trade Center.
- Com quatro indicações ao Emmy, “102 Minutos que Mudaram o Mundo” mostra uma sequência cronológica das imagens captadas por profissionais e amadores durante a tragédia, mostrando inclusive o momento em que o primeiro avião atingiu a Torre Norte. O programa, exibido às 7h30 e às 20h do domingo (11), é o destaque do especial do History Channel, que também terá, entre outros documentários, “O Milagre da Escadaria B”, com depoimentos de 16 sobreviventes dos atentados.
- O A&E exibe no dia 11, às 20h, o documentário “Diário da Tragédia”, com imagens e depoimentos coletados pela fotógrafa Andrea Booher. Às 22h estreia no canal “Vozes do Além”, sobre a história de Bonnie McEneaney, que recebe mensagens do marido morto no World Trade Center, e fala de outros casos de paranormalidade relacionados à data.
FONTE: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/atualidade_detalhe.asp
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