ARCA DAS CRÔNICAS
PROFESSORA RESPONSÁVEL: CRISTIANE CARMINATE P. GRIMALDE GADIOLI
PÚBLICO ALVO: 3001 E 2001 FORMAÇÃO GERAL
Os alunos deverão ser capazes de perceber e reconhecer as características do gênero textual híbrido Crônica, seus suportes e posicionamentos.
Análise do conceito de Crônica:
CRÔNICA: Trata-se de um texto que narra de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário ou no cotidiano. É marcada pela brevidade temporal e o cronista extrai destes fatos momentos de humor e reflexão sobre a vida e o mundo. Geralmente é curto e leve, escrito com o objetivo de divertir o leitor e/ou levá-lo a refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos. O narrador pode ser do tipo observador ou personagem. A crônica emprega geralmente a variedade padrão da língua e apresenta linguagem objetiva e direta, bem próxima do leitor. É comum certos autores, nas conclusões de suas crônicas, deixarem uma mensagem duvidosa no ar, assim como uma moral de história.
Enchendo a Arca:
O trabalho se desenvolve através de leituras especializadas de textos que sejam da capacidade lingüística Argumentar e Narrar, bem como de gêneros textuais Crônica Literária e Crônica Argumentativa.
Os autores lidos vão de Lya Luft, Arnaldo Jabour, Roberto Pompeu de Toledo, Fernanda Torres, Luís Fernando Veríssimo etc....
Por fim são produzidos textos destes gêneros textuais específicos e postados no blog da escola. Logo após um tema é escolhido e discutido na turma sob a forma de debate, marcado pela predominância de temas do cotidiano.
BARBÁRIE ANUNCIADA
Cristiane Carminate P. Grimalde Gadioli
É com o coração estraçalhado e a alma em chamas que venho este mês escrever minha crônica. Talvez nunca estivesse tão emocionada com os acontecimentos quanto desta vez. Confesso que me debulhei em lágrimas e esperei o furacão passar para escrever. A barbárie em nossas escolas já estava prevista, só que muitos não queriam enxergá-la. Foi necessária a morte de inúmeros inocentes a fim de que o Brasil parasse para olhar de fato para a educação. Desta vez ela foi manchete em todos os jornais e revistas! Pena que não foi para o bem!
O acontecimento do momento, repetitivo como uma bola de neve, o massacre de Realengo foi, sem dúvida, o verdadeiro choque de responsabilidade ética. Um louco, em sua decisão assoberbada, não destruiu apenas vidas. Ele conseguiu desenfreadamente acabar com as esperanças daqueles e de muitos outros estudantes das escolas públicas brasileiras. A dor é tanta, mal cabe no peito. O luto é deveras. E o criminoso, como sempre, elevado ao status do estrelato. É o grande protagonista de mais uma tragédia do povo que teima em ser feliz.
A escola deveria ser o lugar onde a criança se sentisse segura, onde nada no seu mundo fosse abalado, onde o conhecimento deslizasse das veias do professor para ir direto ao âmago de seu aprendiz. Não é bem isso que acontece! O aluno já chega ao ambiente escolar trucidado pela convivência familiar. Os pais que não têm “tempo” para seus filhos. Os filhos não dialogam mais com os pais. Muitas das vezes são os professores que ouvem os desabafos desesperados de alguns, ou o choro pungente de outros. E o pai diz: “Mas eu não sabia que ele fazia isto! Em casa ele é tão comportado!”.
O professor, antigamente valorizado, hoje é pai, mãe, psicólogo, mestre. A sociedade está sangrando! Sangra de dor, esvai um sangue podre oriundo das derrotas da convivência pacífica, do antigo “contrato social”. Hoje estamos na fase mais naturalista possível onde “o homem é fruto da sociedade em que vive.” ou “O homem é o lobo do homem” como predisse Hobbes. Isso é perigoso, é vil, é banal!
Nossos jovens não estão sendo preparados para a guerra. Eles sofrem, mas também fazem sofrer. Eles calam quando não deveriam calar e não dão a outra face quando deveriam dar. Não são punidos com firmeza na hora em que precisam ser. A violência se instaurou na juventude, se instaurou nas escolas, se instaurou na vida como uma indesejada das horas. Ficamos todos reféns a espera do momento em que a velha de olhos gélidos venha nos pegar. Mas quem será a nossa Cuca, o nosso Bicho Papão? Temos tantos estereótipos que podemos escolher! O daquelas crianças era um rapaz franzino de aparência pacífica. Era real e não um monstro de contos de fadas.
Acontece que a superexposição de casos como este só fazem aumentar o problema. Concordo que a população precisa saber do que ocorre no momento, desde que seja dela mesma a decisão de tomada de atitude, do basta que seja necessário dar. Todavia, depois da experiência de Columbine, nos EUA, quantos incidentes similares foram computados? Aqui no Brasil, por exemplo, após a desgraça anunciada em Realengo, “especialistas” já noticiaram mais casos. Esta semana mesmo, uma amiga que trabalha em Campos comunicou um pseudo-ataque numa escola naquela cidade. Alunos já foram pegos com armas dentro de escolas antes, mas nada foi feito. A coisa é toda cíclica. Bastou que um infeliz justificasse um ataque sem precedentes para que outras mentes deturpadas pudessem “seguir o exemplo”. Que Deus nos livre, mas é um circulo vicioso. A escola não sangra. Ela está com hemorragia!!!
O Bullying existe, não é ignorado, é chocante e avassalador. Quando instalado na vida do jovem causa conseqüências desastrosas diante do mundo e de seus agressores. Mas ele não pode ser usado como muleta para amparar toda e qualquer inconseqüência que aconteça na escola. Falta amor ao próximo, falta gentileza, falta diálogo e falta mais severidade com atos nunca antes imaginados.
E se nosso atirador não fosse um rapaz de 24 anos e se ele fosse um “brasileirinho” de 16, 17? O destino foi o suicídio, que é típico de casos assim, mas e se não fosse? Ele seria punido com o rigor da lei? O de 16 anos seria punido como o rigor da lei? Vide o caso Champinha, adolescente que trucidou uma jovem há algum tempo. Infelizmente em liberdade convivendo com nossos filhos.
Falta limite, falta atenção, faltam horários e rotinas. Nossos adolescentes estão violentos, estão massacrantes e massacrados, alguns não sentem nem remorso pelo que fazem. Alguns batem com lâmpadas na cabeça de homossexuais porque é divertido, outros queimam mendigos como forma de entretenimento. Muitos bebem bebidas alcoólicas cedo demais, dormem tarde demais e quando chegam às escolas não produzem nada. Uns têm tempo de ver a “Bruna Surfistinha” no Youtube, mas não têm tempo de ler um livro. Outros costumam decorar letras de funks execráveis, mas não aprendem a dizer”por favor”, “desculpe-me”.
A educação não tem hemorragia, ela já está no túmulo a sete palmos embaixo da terra!
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